Mesmo após 116 jogadores testarem positivo para covid-19, sendo afastados dos jogos nas primeiras três rodadas das séries A, B e C do Campeonato Brasileiro, o secretário-geral da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Walter Feldman, afirmou que o retorno dos jogos no país é positivo”, e que há “muita segurança para prosseguir”.
A entidade máxima do futebol brasileiro enviará documentos aos clubes de futebol para reforçar orientações como o uso de máscaras em entrevistas após as partidas, além da proibição da troca de camisas entre atletas e comemorações de gols. “Temos a situação dentro do futebol controlada. Mas não podemos deixar que se cumpram normas como uso de máscara nas entrevistas, não trocar camisas, não fazer comemorações. Sei que é difícil. Estamos reiterando”, disse Jorge Pagura, diretor-médico da CBF.
As declarações dadas em debate sobre o retorno das partidas no País, realizado pela comissão da Câmara dos Deputados que trata da covid-19. Alguns estaduais foram retomadas ainda em junho. O Brasileirão começou no dia 8 de agosto. Em plena pandemia, o presidente Jair Bolsonaro fez pressão pela volta das competições. Em maio, o mandatário recebeu presidentes do Flamengo, Rodolfo Landim, e do Vasco, Alexandre Campelo, para tratar deste assunto.
Pagura afirmou que dentre os 1,3 mil exames feitos antes da primeira rodada, 74 resultados foram positivos. Na segunda, 26 infectados em 1.400 jogos, e na terceira, 16 positivos em 1,5 análises. O médico diz que ninguém se contaminou em campo. A CBF encontrou anticorpos tipo IgG para covid-19, que costumam surgir após a fase aguda da doença, em 14% dos cerca de 2 mil exames sorológicos feitos em atletas e funcionários dos clubes semanas antes da volta dos jogos, afirmou Pagura.
O médico do Flamengo, Marcio Tannure, disse aos deputados que o retorno da torcida está em estudo. “Não quando, mas como. Talvez tenha de ser feito de forma individualizada”, disse. Já Feldman afirmou que a volta dos torcedores só será avaliada após o poder público afrouxar as medidas de isolamento.
Presidente da Anatorg (Associação Nacional das Torcidas Organizadas), Alex Sandro Gomes, defendeu que ainda não é o momento certo para o retorno dos jogos. “O torcedor se aglutina para assistir ao seu time. Sobretudo das periferias, que já sofrem para fazer isolamento”, disse.
Além de Gomes, o jornalista Juca Kfouri criticou as disputas em plena pandemia. “A decisão é política, para atender reivindicações do presidente da República, que desde o começo afirmou ser exagero paralisar o futebol.”
Pagura afirma que os cuidados com o futebol feminino serão iguais aos direcionados para equipes masculinos, com testes de anticorpos e diagnóstico, entre outras medidas. Na reunião com deputados, o presidente rubro-negro, Rodolfo Landim, disse “entender” quem critica a volta dos jogos, mas que o debate para organizar o campeonato foi intenso. “Vimos que o mais importante era testar todos os envolvidos no processo.”
* Com Estadão Conteúdo