Cerca de 100 índios da tribo dos caiapós interditaram a rodovia br-163 na região sudoeste do Pará, na altura do quilômetro 302, no município de Novo Progresso. A estrada, que conecta o centro-oeste ao norte do país, é uma rota importante para escoamento de grãos. Cargas de soja e milho passam com frequência por esse trajeto para serem levadas aos portos do Rio Amazonas e, de lá, exportadas. Usando adereços e com os corpos pintados, os índios chamavam a atenção das autoridades para várias questões. Eles saíram em defesa da Amazônia, questionaram as frequentes queimadas na floresta e pediram a renovação do plano básico ambiental.
Também se posicionaram de forma contrária à construção da ferrogrão, projeto que pretende criar uma ferrovia que ligará a cidade de Sinop, no Mato Grosso, até o município de Miritituba, no Pará, com a finalidade de transportar grãos. Os índios disseram que querem ser ouvidos sobre a construção, já que os trilhos passarão próximos às terras caiapós. O cacique Doto Takak-ire falou sobre a necessidade dessa população ser ouvida pelo governo. Os índios caiapós questionaram também a condução do governo na pandemia, afirmando que as tribos estão sendo negligenciadas pelas autoridades. A paralisação gerou congestionamento de cerca de três quilômetros na região. Os manifestantes solicitaram a presença do governador do estado, Helder Barbalho, ou de um representante, para fazer a negociação da liberação da via, ocupada nos dois sentidos. Os índios afirmaram que as estradas levaram doenças às aldeias e, por isso, cobram uma indenização.
*Com informações da repórter Camila Yunes