A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) iniciou estudos para a retomada das operações do Boeing 737-8 MAX, impedido de voar depois que dois acidentes, em outubro de 2018 e em março de 2019, deixaram centenas de mortos. No Brasil, a Gol é a principal aérea que depende do modelo. A empresa tem hoje sete unidades na frota, que estão impedidas de voar, além de novas encomendas. A volta do Max, por sinal, é uma etapa importante para a Gol começar a pensar a retomada do tráfego aéreo internacional, uma vez que o modelo tem custo operacional melhor do que o restante da frota da brasileira. Não há um prazo para a liberação. Segundo a Anac, em nota, a agência estuda proposta que dispõe sobre a modificação de projeto de sistema de controle de voo das aeronaves modelo Boeing 737-800 MAX. Essa proposta trata-se de uma Diretriz de Aeronavegabilidade, divulgada pela autoridade de aviação civil norte-americana (FAA, na sigla em inglês), no último dia 3 de agosto e enviada para as autoridades de aviação civil que trabalham na análise do projeto. “Esta medida faz parte dos estudos de validação para retorno das operações deste modelo de aeronave. O objetivo é demonstrar que o projeto com as modificações propostas é seguro e atende aos requisitos de aeronavegabilidade necessários”, disse a agência.
A Anac acrescentou que o material deve ficar sob consulta por um período de 45 dias, quando a FAA publicará a regra final correspondente, contendo as instruções de cumprimento mandatório necessárias para o retorno seguro às operações destas aeronaves. “No Brasil, a volta das operações deste tipo de modelo ainda passará por validação final da Anac, que desde abril de 2019 faz parte do grupo de autoridades validadoras”, explicou.
A suspensão dos voos com Boeings 737-800 MAX, ocorrida em março de 2019 no Brasil, foi sancionada por uma Diretriz de Aeronavegabilidade unilateral emitida pela Anac. Na ocasião, algumas empresas aéreas já haviam voluntariamente suspendido suas operações com este modelo de aeronave. “O retorno das operações somente é possível com a revogação desta decisão pela Agência. Para isso, a ANAC está contribuindo com a FAA na verificação de que o processo de validação das modificações foi concluído satisfatoriamente”. Para o retorno das operações também é necessário que o processo que comprova a segurança e o cumprimento com os requisitos de Certificação de Tipo para este modelo de aeronave seja concluído, além da avaliação de aspectos operacionais e de treinamento.
Desde abril de 2019, quando a Boeing iniciou as atividades para certificação das modificações propostas, a Anac vem participando de um grupo para análise destes estudos. “Ao todo, cerca de vinte profissionais da Agência, dentre engenheiros(as) de diversas especialidades e pilotos, inclusive de ensaio de voo, estão envolvidos neste processo”, disse a Anac. Um dos sistemas que tem sido alvo de análises e verificações mais detalhadas é o chamado MCAS (Maneuvering Characteristics Augmentation System), que atua na aeronave sob certas condições a fim de melhorar as características de estabilidade longitudinal da aeronave. As verificações sobre o MCAS contemplam principalmente a averiguação das condições para que este sistema atue adequadamente e que a amplitude desta atuação seja limitada, incluindo em condições de falha dos sensores da aeronave.
*Com Estadão Conteúdo