Paulo Campos (Podemos) não apresentou provas, nem relatou quem teria feito proposta ou se denunciou oficialmente o caso. Prefeitura afirma que, se há denúncia, parlamentar deve formalizar na Justiça.
O vereador Paulo Campos (Podemos), de Piracicaba (SP), disse em sessão da Câmara desta segunda-feira (19) ter recebido uma oferta de propina para que votasse contra a comissão de cassação do prefeito Luciano Almeida (sem partido). O parlamentar não informou quem teria feito a proposta e nem apresentou provas durante a reunião ordinária.
Durante a sessão, após um requerimento do parlamentar não ter sido aprovado, ele criticou o governo municipal e disse que falaria “uma bomba”. Ele relatou que recebeu a proposta no dia da votação da comissão que ia avaliar a cassação do prefeito, que foi rejeitada pelos vereadores.
Campos afirmou que estava no estacionamento da Câmara, junto com o vereador Zezinho Pereira (União Brasil), quando foi abordado por alguém oferecendo dinheiro para que votasse contra a cassação do prefeito. Ele disse que recusou a proposta, assim como o outro parlamentar que o acompanhava.
Ele não detalha, porém, quem fez essa abordagem e se fez uma denúncia sobre o assunto. Também não diz se tem provas sobre o crime. Confira a fala na íntegra transcrita abaixo:
“Vou trazer uma informação que vai ser uma bomba. Zezinho Pereira estava comigo. Nós estávamos no estacionamento da Câmara, quando chegamos aqui no dia da votação do pedido da cassação do senhor prefeito Luciano Almeida […] Ofereceram propina para mim e para o vereador Zezinho Pereira para que nós votássemos contra a cassação do senhor Luciano Almeida. Esse vereador nunca pegou e nunca vai pegar [propina]. Importante que fique registrado, já que é para ir para o embate, eu tenho testemunhas. Parou a mim e parou ele e ofereceram dinheiro para que nós votássemos contra. Eu falei ‘não, meu amigo, não aceito proposta, nunca precisei’. Estou pegando dinheiro de agiota, mas nunca peguei e nunca vou pegar [propina]. E não tenho medo, se quiser vir para cima pode vir que eu não tenho medo. É muito grave o que está sendo falado, então que fique registrado.”
Antes de falar sobre a proposta, Paulo Campos criticou o governo municipal de várias formas e chegou a dizer que “esse é o pior prefeito da história de Piracicaba.”
Ele também criticou a administração sobre a gestão de Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) por meio de Organizações Sociais de Saúde (OSSs), o que vai passar a ocorrer em julho, quando a OSS vencedora de um chamamento público assume. A contratação é alvo de questionamento do Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP).
A Prefeitura de Piracicaba informou que, se há alguma denúncia, o vereador deve formalizá-la na Justiça para que seja averiguada.
O g1 entrou em contato com os dois parlamentares para saber o motivo de não terem denunciado a situação antes e se vão fazer algum tipo de denúncia oficial sobre o assunto.
O vereador Paulo Campos não retornou o contato da reportagem.
A assessoria do parlamentar Zezinho Pereira informou que ele está com suspeita de Covid-19 e está afastado nos próximos dias, por isso não vai se manifestar.
A Câmara de Vereadores não se posicionou.