O estudante Robson Muniz, do curso de engenharia civil da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), criou um respirador emergencial de baixo custo, construído à base de componentes exclusivamente nacionais. O custo médio do produto final gira em torno de R$ 2,5 mil, valor menor que os ventiladores mecânicos de preços mais acessíveis. Os adquiridos pelo Ministério da Saúde em abril deste ano para o tratamento de infectados pelo coronavírus chegaram a custar a US$ 13 mil cada (aproximadamente R$ 69,6 mil, de acordo com a cotação atual). O produto de Muniz é 28 vezes mais barato que os adquiridos pelo governo.
Para desenvolver o aparelho, foi usada uma bolsa de ressuscitação manual, conhecida como “bolsa Ambu”, um motor de vidro elétrico de carro, disponível em qualquer lugar, e peças mecânicas, projetadas de modo a permitir que a máquina seja potente, mas leve. “Na parte eletrônica que controla o motor, o respirador usa uma placa [de prototipagem eletrônica de código aberto] chamada Arduíno, que tem hardware [parte física de um computador] incorporado”, explicou Muniz. Esse hardware serve para controlar a velocidade com que a bolsa vai ser pressionada, bem como o volume de ar que o paciente vai receber por minuto.
Robson Muniz disse que o projeto foi desenvolvido obedecendo a todos os requisitos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e contou com apoio de todo os professores do curso de engenharia da PUCPR. O estudante vem trabalhando no respirador manual desde maio e aguarda para esta semana a certificação pela Anvisa, para que possa buscar investidor interessado em produzir em escala. A ideia, segundo ele, é “fazer uma coisa bem acessível que possa servir em postos de saúde, hospitais, no atendimento a pessoas infectadas pela Covid-19, desde a unidade de pronto-atendimento até a unidade de terapia intensiva”. Testes foram realizados nos dois hospitais da PUCPR, que são o Universitário Cajuru (HUC) e o Marcelino Champagnat.
Como a demanda mundial durante a pandemia do novo coronavírus era muito maior que a oferta, a intenção do estudante da PUCPR era desenvolver um respirador artificial que pudesse ser produzido rapidamente. Cada motor desse tipo que ele desenvolveu é montado em menos de uma hora, por uma pessoa sozinha. “Dá para montar centenas em um dia só”, destacou. O projeto pode ser reproduzido em nível nacional, para alcançar maior número possível de pessoas. Muniz observou, no entanto, que esse é um equipamento emergencial, liberado pela Anvisa para uso durante a pandemia. “Depois da pandemia, ele tem que ser recolhido. Ele é, justamente, para aliviar o sistema de saúde neste momento”, esclareceu. O projeto tem que ser muito robusto porque fica ligado direto, no mínimo, durante 15 dias. “Ele não pode dar defeito porque o paciente fica sedado e respira por meio dele.”
*Com Agência Brasil