Os celulares têm impulsionado a venda de eletroeletrônicos no Brasil neste início de retomada de consumo. Desde a reabertura das lojas físicas após o período de quarentena, o segmento registrou elevação superior a 30% no faturamento em comparação com o ano passado. Entre os dias 3 a 9 de agosto, por exemplo, a alta das vendas chegou a 34% em relação aos mesmos dias de 2019. O período, que antecedeu o Dia dos Pais, considerado o primeiro evento comemorativo do ano que teve 100% das lojas físicas abertas, serve de parâmetro para entender as tendências do mercado e o aumento da procura pelos consumidores. “Esse crescimento ocorreu depois do pagamento do auxílio emergencial, até mesmo com varejistas relatando e dando depoimento de clientes. Porque é uma parcela [do celular] que cabe no bolso. E, como teve a renovação do benefício até o final do ano, apesar de ter valor menor [R$ 300], os consumidores vão manter a capacidade de compra por mais um período”, explica Fernando Baialuna, diretor da empresa de pesquisas GfK, que destaca as compras por indulgência e a procura por upgrades de aparelhos como outros motivos que impulsionaram as vendas.
De acordo com a pesquisa da GfK, os celulares mais vendidos são os que seguem configuração próximas de 32GB de capacidade, 2GB de memória RAM e tela de 6”2. Esses modelos, considerados inferiores aos mais novos lançamentos das marcas, possuem preço médio de R$ 1.000, o que impulsiona a procura. Seguindo estas especificações, as opções mais buscadas incluem aparelhos com características bem similares. Veja abaixo.
Os modelos mais procurados na faixa de R$ 1.000:
- LG K40S
- Samsung Galaxy A10s
- Samsung Galaxy A01
- LG K50S
- Asus ZenFone L2
- Xiaomi Redmi 9A
- iPhone 6s
- Multilaser G Max
- Motorola Moto E6s
Segundo Baialuna, no entanto, além do preço, outros fatores influenciam a venda massiva destes modelos de telefone. “A pessoa que compra um celular de 32GB vive uma outra realidade, mas ainda assim almeja um celular tão bom quanto a classe média [que impulsiona a venda do segmento premium]. Então, muitas vezes, ele recorre ao crédito e a opções de prazo e parcelamento para adquirir o aparelho. Há uma relação do preço, mas não é apenas a renda que influencia na compra, como também o desejo pela tecnologia. Assim, essa alta procura pela configuração de 32GB pode ser explicada pelo custo benefício. Mesmo sendo aparelhos na faixa de R$ 1.000, eles trazem boa configuração, apresentam tela maior, boa memória RAM e boa capacidade fotográfica, o que é mais observado pelos consumidores”, explica.
Embora positiva a elevação nas vendas para a retomada do mercado, a pesquisa mostra que os aparelhos registraram também aumento nos preços. Entre os dias 3 e 9 de agosto, a elevação atingiu 41% em relação ao mesmo período do ano passado. “Há influência da alta do dólar e da interrupção da cadeia produtiva, porque as lojas do varejo ficaram muito tempo fechadas. E há também o movimento natural de premiunização dos aparelhos. A própria indústria puxa o preço da categoria para se aproximar dos produtos mais caros, considerados premium e que oferecem mais tecnologia para os consumidores”, afirma.
Premiunização
Além de impulsionar a venda de smartphones mais simples, a retomada das atividades econômicas também elevou a procura por aparelhos celulares do segmento premium, que registrou alta de 175% nas vendas em relação ao mesmo período do ano passado. Isso demonstra que, mesmo com a pandemia e a limitada reabertura das lojas físicas, a busca por smartphones está pressionando o mercado, uma tendência que deve se manter nos próximos meses. Com valores acima de R$ 3.000, os modelos mais procurados pelos consumidores possuem configurações de mais de 64GB de capacidade, 3GB de memória RAM, tela superior a 6,1”, câmera frontal e câmera traseira.
Os modelos mais procurados da linha premium:
- iPhone XR
- iPhone 8 Plus
- iPhone SE
- Samsung Galaxy S10+
- Xiaomi Redmi Note 9S
- Xiaomi Redmi Note 9 PRO
- Samsung Galaxy A71
- Motorola Edge
Para as vendas nos próximos meses, em especial para a Black Friday, que acontecerá em 27 de novembro, é esperada uma presença ainda maior dos smartphones e uma busca mais acentuada por upgrade de aparelhos. Baialuna prevê que as lojas vão investir no oferecimento de crédito de longos prazos de pagamento para atrair os consumidores. “O celular é o símbolo do desejo e de inovação tecnológica. É a categoria mais importante para o setor de eletroeletrônicos no Brasil. No geral, os celulares já vinham em uma tendência de premiunização, antes da pandemia, por ser um símbolo de mobilidade. Então, a demanda existe, há uma compra que foi adiada. Então, para os próximos meses, a tendência é uma compra de troca. Ou seja, a busca por um upgrade dos aparelhos. No segundo semestre, a aposta deve ser oferecer crédito e prazos competitivos aos consumidores, porque isso atrai mais que o próprio desconto”, finaliza.