BRASÍLIA (Reuters) – O Banco Central melhorou sua projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2020 a uma retração de 5,0%, sobre queda de 6,4% calculada em junho, conforme Relatório Trimestral de Inflação publicado nesta quinta-feira.
Ainda assim, a expectativa é um pouco pior que a estimativa oficial do Ministério da Economia, de um recuo de 4,7% para a atividade neste ano.
Para o ano que vem, o BC projetou uma alta de 3,9% para o PIB, mais otimista que o crescimento de 3,2% visto pelo Ministério da Economia.
Na semana passada, o BC manteve a Selic em sua mínima histórica de 2% ao ano após nove cortes consecutivos. Desde então, a autoridade monetária vem reforçando em suas comunicações que o espaço para reduzir ainda mais os juros, se existente, deve ser pequeno — o que repetiu no relatório.
O BC também reiterou que, apesar de uma assimetria em seu balanço de riscos para a inflação para o lado altista, não pretende subir a Selic a menos que o quadro para o avanço de preços na economia ou o regime fiscal sejam modificados.
Estoque de crédito
O Banco Central previu um crescimento do crédito no país de 11,5% este ano, ante projeção de 7,6% feita em junho. Agora, a expectativa é que o crédito às famílias suba 7,8% em 2020, contra expectativa anterior de 5,8%. Para as empresas, a alta foi calculada em 16,5%, ante 10% no último relatório.
Para o estoque de crédito livre, em que as taxas são pactuadas livremente entre bancos e tomadores, o BC projeta agora uma expansão de 12,5% (+10,6% antes). Para o crédito direcionado, que atende a parâmetros estabelecidos pelo governo, a perspectiva é de alta de 10,1% (+3,5% antes).
Nas contas do BC, a expansão do estoque de crédito em 2021 será de 7,3%. Nesse caso, a autoridade monetária vê alta de 9,0% no crédito às pessoas físicas e de 5,1% no crédito às empresas. No próximo ano, o estoque de crédito com recursos livres deve ter expansão de 9,0%, ao passo que o saldo com recursos direcionados deve subir 4,7%, completou o BC.
Déficit em transações correntes
O BC ainda melhorou sua estimativa para o déficit em transações correntes a 10,2 bilhões de dólares em 2020, contra rombo de 13,9 bilhões de dólares projetado em junho, ao mesmo tempo em que piorou a perspectiva para os Investimentos Diretos no País (IDP) a 50 bilhões de dólares, sobre 55 bilhões de dólares antes.
A autoridade monetária ainda justificou que “o principal fator para a revisão é a melhora nos valores esperados para as exportações, que apresentaram nos últimos meses resultado acima do anteriormente projetado”.
Para 2021, a perspectiva é de um rombo em transações correntes de 16,7 bilhões de dólares, com o IDP melhorando a 65,2 bilhões de dólares.
Para este ano, o BC reviu a estimativa para o superávit da balança comercial a 45,3 bilhões de dólares, frente a 39,0 bilhões de dólares antes, dado que embute uma queda de 11,1% nas exportações e de 16,2% nas importações em relação a 2019.
A corrente de comércio deve, com isso, apresentar um recuo de 13,4%, destacou a autoridade monetária.
(Com Reuters)
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