A Volkswagen do Brasil vai indenizar ex-funcionários da empresa que foram presos, perseguidos ou torturados durante a Ditadura Militar no Brasil. A decisão foi anunciada na quarta-feira (24) pelos Ministérios Públicos Federal, do Estado de São Paulo e do Trabalho. O acordo encerra três inquéritos que tramitam desde 2015 e apuram a cumplicidade da companhia com o regime instalado após o golpe de 1964. Segundo relatos de testemunhas e pesquisadores, a Volkswagen teria denunciado trabalhadores que supostamente seriam vinculados a sindicatos e entidades comunistas aos órgãos de repressão.
Pelo termo de ajustamento de conduta, a empresa vai destinar R$ 36,3 milhões a ex-funcionários que foram alvo de perseguições políticas e a iniciativas de promoção dos direitos humanos. Para o professor de história Rubens Martins de Godoy, a decisão traz um pouco de Justiça às vítimas da Ditadura. “Esse trabalhadores que acabaram, muitas vezes, perdendo suas vidas, sendo torturados, por conta dessa colaboração de empresas e a Ditadura Militar.”
Cerca de R$ 4,5 milhões serão repassados à Universidade Federal de São Paulo para financiar novas pesquisas sobre a colaboração de empresas com a Ditadura e auxiliar na identificação das ossadas de presos políticos encontradas na vala de Perus. O pagamento deverá ocorrer até janeiro do ano que vem. Em nota, a Volkswagen informou ser a primeira instituição a enfrentar de forma transparente o próprio passado durante o regime militar no Brasil.
A montadora ressaltou que um estudo independente contratado pela empresa também apontou cooperação entre os agentes de segurança da companhia e o antigo regime militar, mas não foram encontradas evidências claras de que essa cooperação foi institucionalizada. De acordo com o livro Direito à Memória e à Verdade, publicado pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, 475 pessoas morreram ou desapareceram por motivos políticos na Ditadura Militar.
*Com informações do repórter Leonardo Martins