Quase seis meses após o agravamento da crise sanitária da covid-19 no Brasil, os trabalhadores que permaneciam empregados ainda enfrentavam dificuldades para recompor a renda do trabalho perdida na pandemia, segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Covid (Pnad Covid-19) mensal, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O rendimento médio habitual de todos os trabalhos era de R$ 2.384 em agosto, mas os trabalhadores receberam efetivamente, em média, R$ 2.137. Ou seja, a renda efetiva representou 89,7% do que seria habitualmente recebido. Apesar da defasagem, houve melhora em relação a julho quando a renda efetiva alcançou 87,4% da renda habitual. Em maio, quando começou a pesquisa a renda efetiva correspondia a apenas 81,5% do rendimento habitual.
Segundo Maria Lucia Vieira, coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE, os programas de manutenção do emprego e renda ajudaram a complementar o rendimento dos trabalhadores. Mas a melhora com o passar dos meses foi puxada pelo retorno ao trabalho dos funcionários afastados.
“As pessoas estão retornando ao mercado de trabalho, e elas foram recuperando a renda que elas recebiam antes. A gente vê isso no afastamento de trabalhadores ocupados que foi sendo reduzido ao longo dos meses, e a gente vê também nas horas trabalhadas. A diferença entre as horas trabalhadas e as horas habituais diminuiu. As pessoas estão voltando a trabalhar mais e estão conseguindo recuperar renda”, afirmou Maria Lucia.
As regiões Sudeste e Sul tiveram as menores proporções de rendimento efetivo de trabalho em relação ao habitualmente recebido. No Sudeste, a renda efetiva de todos os trabalhos representava 89,0% do habitual. No Sul, essa proporção foi de 89,3%.
Os trabalhadores por conta própria e os empregadores foram o que tiveram as maiores diferenças entre os rendimentos habitualmente recebidos e os efetivamente recebidos: em agosto, os trabalhadores por conta própria receberam 76,9% da renda habitual, enquanto os empregadores obtiveram 81,4%.
A massa de rendimento médio real normalmente recebido subiu de R$ 191,0 bilhões em julho para R$ 192,7 bilhões em agosto, puxada por um aumento da população ocupada. Considerando o rendimento efetivo, a massa de rendimento cresceu 3,5%, passando de R$ 167 bilhões em julho para R$ 172,7 bilhões em agosto.
O rendimento médio real domiciliar per capita efetivamente recebido no Brasil foi de R$ 1.302 em agosto, 2,2% superior aos R$ 1.274 recebidos em julho. No Nordeste, a renda média per capita foi de R$ 911, e no Norte, R$ 920.
O rendimento médio domiciliar per capita dos domicílios onde nenhum dos moradores recebia algum auxílio do governo concedido em função da pandemia totalizou foi de, em média, R$ 1.802 em agosto, mais que o dobro da renda dos lares em que alguém algum morador recebia o auxílio (R$ 816).
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