A fumaça das queimadas no Pantanal chegou em Santa Catarina através de uma chuva escura. O fenômeno foi registrado em municípios do oeste, meio oeste e planalto norte do Estado. A fumaça viajou mais de 1 mil quilômetros, transportada por ventos noroeste de baixos níveis, e acabou contaminando a água da chuva O fenômeno é acompanhado pelo setor de hidrologia da Defesa Civil de Santa Catarina e pelos meteorologistas da Epagri/Ciram. A fumaça foi identificada através de imagens de satélites, no qual foi possível identificar a origem nas queimadas de vegetações, e chegou a ser visualizada na Grande Florianópolis. A chuva foi identificada pelos satélites no início da semana e a ocorrência da precipitação foi registrada na quinta-feira (17).
O coordenador de monitoramento e alerta da Defesa Civil catarinense, Frederico de Moraes Ruthorff, informou que “a água da chuva contaminada pode conter compostos tóxicos, portanto alguns cuidados devem ser tomados se for realizar a captação em cisternas para consumo humano ou animal”. Segundo o meteorologista da Epagri Marcelo Martins, o deslocamento de fumaça por longas distâncias é algo comum, no entanto, quanto maior o volume de fumaça na origem, mais distante ela pode chegar. “O vento nordeste traz o ar úmido da região amazônica e do Pantanal, assim como os ventos do quadrante sul também levam o ar seco e frio para aquela região. Isso não é incomum, mas quanto mais fumaça, e dependendo dos ventos, mais longe ela chega”, explicou.
Nas comunidades agrícolas do interior catarinense é comum a captação e armazenamento de água da chuva em cisternas. Segundo a Defesa Civil, nessas regiões, além da qualidade da água, é necessário analisar também qualidade do ar, para identificar a possibilidade de chuva contaminada. O fenômeno, no entanto, está com os dias contados, pelo menos por enquanto. Segundo a meteorologia, a partir deste fim de semana, uma frente fria chega a Santa Catarina, com ventos do quadrante sul, empurrando a fumaça no sentido contrário.
*Com Estadão Conteúdo