(Bloomberg) — O braço executivo da União Europeia propôs metas mais rígidas no bloco para combater a mudança climática, em uma iniciativa para reduzir a poluição industrial e estimular uma recuperação econômica verde.
O bloco de 27 países deve buscar uma meta mais ambiciosa de redução de emissões, de pelo menos 55% até 2030, disse a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, na quarta-feira. O objetivo atual, fixado há apenas seis anos, mira um corte de 40% em relação aos níveis de 1990.
A presidente da comissão também anunciou que a UE planeja vender 225 bilhões de euros (US$ 267 bilhões) em títulos verdes como parte do fundo de recuperação da pandemia de 750 bilhões de euros. O volume será equivalente a quase todos os títulos verdes vendidos globalmente no ano passado.
“Reconheço que esse aumento de 40% para 55% é demais para alguns e não o suficiente para outros”, disse von der Leyen ao Parlamento Europeu em Bruxelas, durante seu primeiro discurso sobre o estado da União. “Mas nossa avaliação de impacto mostra claramente que nossa economia e indústria podem administrar isso.”
Von der Leyen passou 10 meses em modo de gestão de crise como resultado da pandemia de coronavírus, enquanto seguia em frente com planos para a reforma verde da economia europeia, uma iniciativa de investimento digital e maior livre comércio global.
Diante da pandemia, von der Leyen, de 61 anos, tem a chance de acelerar planos para tornar o Green Deal europeu o motor da recuperação econômica, à medida que governos mobilizam quantias sem precedentes de fundos públicos para o esforço de reconstrução.
Sob a nova meta climática para 2030, montadoras europeias precisariam adotar padrões de poluição mais rígidos com novas regras que poderiam eliminar completamente motores de combustão. A energia ficará cada vez mais limpa, com 350 bilhões de euros adicionais por ano necessários para investimentos em produção e infraestrutura, de acordo com esboço do documento visto pela Bloomberg News.
“A UE deu um bom passo na direção certa”, disse Simone Tagliapietra, pesquisadora do think-tank Bruegel, com sede em Bruxelas. “Uma meta de 55% enviará um sinal claro aos participantes do mercado sobre a solidez da trajetória climática da UE. Isso é fundamental para moldar as expectativas e influenciar as decisões de investimento das empresas e as escolhas dos consumidores.”
Uma meta climática mais ambiciosa para 2030 deve receber amplo apoio dos estados membros e do Parlamento Europeu, cuja aprovação é necessária para que a medida se torne vinculante. No entanto, as negociações sobre a forma final de um acordo podem trazer muitas diferenças nacionais em termos de riqueza, fontes de energia e força industrial.
O novo objetivo exigirá que edifícios se tornem mais eficientes em termos de energia e empresas terão limites de poluição mais rígidos no mercado de carbono da UE, o maior do mundo.
A proposta se soma à lei climática que será a base jurídica do Green Deal europeu, uma estratégia abrangente para a Europa zerar os gases de efeito estufa até 2050.
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